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Scot Consultoria

Spread bancário brasileiro: o segundo maior do mundo


Terça-feira, 21 de setembro de 2010 - 10h04

Economista, especialista em engenharia econômica, mestre em comunicação com a dissertação “jornalismo econômico” e doutorando em economia.


O Fórum Econômico Mundial divulgou pesquisa apontando que o Brasil pratica o segundo maior spread bancário do mundo (diferença entre a remuneração para os aplicadores de recursos e o cobrado dos tomadores de recursos). O país perde somente para o Zimbábue. O patamar médio atinge 35,4 pontos percentuais. Na prática os bancos incorporam em suas margens toda a ineficiência brasileira. De um lado tem a burocracia exagerada, um judiciário lento (que faz com as demandas judiciais na área bancária demorem muito para ser resolvidas) e uma carga tributária elevadíssima. De outro lado tem os custos administrativos dos bancos, o repasse ao tomador de recursos de todas as exigências do Banco Central como o depósito compulsório, fundo garantidor, entre outros. É preciso considerar ainda a inadimplência, incorporada ao nível de risco assumido pelas instituições financeiras, a exagerada concentração do sistema bancário brasileiro, que não permite a prática concorrencial e, evidentemente, a busca de lucros exorbitantes. O resumo da questão é esta: spread nas alturas. Se é imperativo reduzir os juros básicos da economia, e com essa redução obter o alinhamento entre inflação baixa e juros no mesmo patamar, não é menos imperativo a revisão da formação das taxas de juros no mercado. O que mais incomoda é a inércia do Banco Central. Mantém-se na zona de conforto, colocando em prática sua política monetária, reafirmando constantemente que é o guardião das metas de inflação, deixando de lado práticas abusivas, que em alguns casos se assemelha muito a agiotagem proibida por lei. O Banco Central se limita a divulgar em seu site os juros praticados no mercado, sem a emissão de juízo de valor, se comportando como se o fato de praticar as maiores taxas e spreads do mundo fosse coisa natural. Enquanto isso tudo ocorre o lado real da economia, este que produz, gera emprego e riqueza, agoniza e empresários fazem tripas coração para manter seu nível de atividade com evidente sacrifício de margem de lucro. Isso se agrava muito se considerarmos a estrutura financeira das pequenas e médias empresas que dependem de capital de terceiros para sobreviver. Enquanto alguns alardeiam que o país vive o melhor momento de vida econômica, o mundo real, esse que não tem gabinetes refrigerados, é obrigado a conviver com essas verdadeiras práticas abusivas. Cá entre nós, praticar spread muito próximo ao “significativo” país denominado Zimbábue deveria no mínimo deixar a autoridade monetária envergonhada.
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